quarta-feira, 18 de março de 2009

CAPÍTULO 11º – O LAMENTO DOS AMIGOS

LIVRO UM - INÍCIO
O garoto se sentiu extremamente mal com aquela situação. Seja por ser visto com Henrique ou por não ter contado antes para seus amigos. Mas agora não adiantava se remoer, já estava feito, já haviam visto, já estavam desapontados.
- Como assim? – se intrometeu Henrique. – Não contou para eles?
- Magina... Ele nos contou sim, nos disse todos os detalhes do casinho de vocês. – começou Ícaro com ironia. – Só estamos espantados à toa de ver vocês juntos.
- Que coisa, não? – se irritou Henrique. – Talvez ele achasse desnecessário contar a você. Sabe, tanto faz.
- SILÊNCIO! – exclamou uma mulher na fileira da frente, que aparentemente não queria ouvir a discussão e sim, assistir ao filme.
- Vocês discutirem não irá adiantar nada. – disse Pedro baixinho.
- É. Não adianta nada. – começou Malu. – E nem explicações ou desculpas irão adiantar para alguma coisa. – disse a garota, se levantando e puxando Ícaro pela camiseta.
Os dois saíram apressados da sala de cinema, não olharam para trás. Estavam bastante irritados com Pedro.
Após a saída precipitada de seus amigos, ficou certo clima estranho, os dois estavam se sentindo desconfortáveis. Pedro refletiu rapidamente, “será que esse meu caso com o Henrique será reflexo da rejeição de meus amigos?”
- Não fica assim. – disse Henrique, se aproximando dele. – Eles não deveriam ter saído daquele jeito... E muito menos brigado com você.
- Deveria ter contado a eles, isso sim. – se culpou.
Durante todo o resto do filme, Pedro não conseguiu se concentrar, não parava de pensar nos amigos, no quão foi injusto em não contar a eles. Estava extremamente arrependido, pensou que eles ficariam cientes disso de outra forma, uma mais tranqüila e compreensível.
O filme já tinha acabado e eles já estavam lá fora; anoiteceu, o céu estava bastante escuro, sem alguma estrela, não havia algum pontinho branco, apenas a escuridão infinita. Era possível ouvir o barulho das gotas caindo sobre o chão, uma chuva calma lavava a avenida movimentada de taxis. Algumas pessoas tentavam se proteger com seus suéteres e jaquetas, outros preparados tiravam seus guarda-chuvas e corriam.
O motorista correu até o carro e rapidamente abriu a porta, para que os dois garotos entrassem; logo fez um olhar de procura “cadê os outros dois?”. Mas não tinha tempo para pensar nisso, a chuva aumentava cada vez mais. Henrique se deitava ao colo de Pedro, que fazia cafuné em seus lisos cabelos, às vezes o motorista até olhava pelo retrovisor, mas não demonstrava muita curiosidade.
- Não precisa ficar assim por eles. – começou Henrique, fixando os olhos nele. – Não há problema algum nisso, eles tem preconceito.
- Não, eles não têm preconceito algum. – respondeu Pedro, pensativo. – Só ficaram daquele jeito, porque eu não contei a eles antes.
- Ah, como se você devesse satisfações a eles. – se indignou. – Poupe-me.
- Sim, eu devo. – se irritou. – Eles são meus amigos.
Henrique achou melhor não discutir com ele, pois o clima ficaria ainda mais desagradável, então simplesmente concordava com o que o garoto dizia, mas por dentro, discordava totalmente.
O carro estacionou em frente à casa de Pedro, que rapidamente deu um selinho seco em Henrique e saiu com pressa em direção ao portão, rezando para que ninguém o visse chegando nesse carro.
Entrou cauteloso, não queira fazer muito barulho, apesar de ser apenas 22h00, sua mãe podia arrumar algum motivo e brigar com ele.
- QUE CARRO FOI ESSE QUE TE DEIXOU AQUI? – perguntou Helena, descendo as escadas. E logo Olivas, vindo atrás dela.
- É-é-é o H-e-n-r-i-q-u-e. – gaguejou Pedro. – Ele tem um motorista.
- Como assim, um motorista. – disse a mãe, se aproximando. – E cadê seus amigos? Malu? Ícaro?
- Eles já foram.
- Mas eles moram aqui perto, e na outra rua. – pensou Olivas. – Não os vi no carro. – Neste exato momento Pedro sentiu certa raiva pelo padrasto, o olhou com bastante ódio; ele não tinha que se meter nisso. Só pioraria a situação, seria um aliado de sua mãe para mísseis de perguntas.
- Essa história está muito mal contada, sabe! – desconfiou a mãe.
- Mas foi isso o que aconteceu, mãe. – disse Pedro irritado. – É desnecessária toda essa desconfiança de mim!
- Eu não sei... Algo me diz que você está fazendo algo de errado. – falou Helena, o encarando. - Intuição de mãe nunca falha.
- Superstições. – desdenhou Pedro.
A mãe resolveu não discutir com o filho, pois pelo menos os fatos diziam que estava tudo bem, mas ainda assim, ela tinha certa desconfiança. Olivas encarou Pedro por alguns segundos, em seguida pegou uns papeis que estava sobre o sofá e subiu de volta para seu quarto, que logo foi acompanhado de Helena.
O garoto a partir daquele momento tinha a seguinte certeza “intuição de mãe nunca falha”. Realmente ela sentia que o filho estava fazendo algo de errado; no caso de Pedro, o que ele está vivendo é errado para muitos e normal para poucos. Bem, talvez Helena esteja pensando que o filho está se drogando ou bebendo, mas ficando com uma pessoa do mesmo sexo seria um tanto quanto surreal.
Mas essas paranóias familiares não era o foco dos pensamentos do adolescente no momento. O que realmente tomava conta de sua mente era o que acontecera no cinema; o que seus amigos estariam pensando dele neste exato momento? Surgiam dúvidas intermináveis, era até neurótico.
Apesar de toda confusão, arrependimentos, lamentações e situações inusitadas, Pedro conseguiu adormecer em seu quarto.
“Aparentava um dia normal na escola, alunos entrando apressados, porteiros com as mesmas expressões, corredores lotados e barulho.
Pedro entrava no enorme pátio do Colégio Batista um tanto quanto descolado, seu cabelo estava mais bonito e balançava conforme o vento, não usava o uniforme, substituiu por uma calça preta justa, uma camiseta pólo com uma estampa interessante e um óculos escuro bastante exótico. Segurava as mãos de Henrique, todos olhavam para o “casal”, já era de imaginar que causaria certa polêmica; as pessoas se entreolhavam e logo comentavam o que estavam vendo.
Quando entraram no corredor final até o elevador se depararam com Ícaro e Malu, que os olhou com certo desprezo. Mas antes que eles pudessem desviar o caminho, já estavam frente a frente.
- Olha aí – sorriu Malu – O casal do ano. – ironizou. – LINDOS!
- Eu fico em dúvida. – começou Ícaro. – De quem é mais ridículo.
- Sabe. – deu uma gargalhada. – Não sei como nós fomos tão idiotas, Ícaro. – e olhou Pedro de cima a baixo. – De ser amigo desse grande traidor.
- E gay! – gritou Ágata que se aproximava deles. – Gay! Bicha! Veado! Boiola!
Pedro ficou perplexo com toda essa situação, ficou estabilizado, sem reação alguma. Mas, antes que pudesse dizer algo, seus ex-amigos viraram as costas para ele e entraram na classe.
- ACORDA! – gritou Helena. – Estou te gritando há horas, seu grande preguiçoso!

Um comentário:

  1. Aaaaaaaaaaaaaaah post *-*
    tava com saudades daqui jáa ^^


    ee pow, que bom que essa ultima parte foi só um sonho, porque é horrivel ter que ouvir isso =/
    e é, você devia ter contado pra eles ù.ú


    beeeijos ♥

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