terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAPÍTULO CINCO 5º – ENCARANDO O PROBLEMA

LIVRO UM - INÍCIO

Pedro mal tomara o café da manhã direito, já começara a ir para escola de ônibus, então apressou-se para não perdê-lo. Até que tivera uma boa noite de sono, entretanto não fora o bastante para pensar em tudo o que anda acontecendo. No ônibus sentava-se isolado, também, não tinha nenhum conhecido dele ali. O caminho não era muito longo, era rápido, em vinte minutos, no máximo, já concluía o trajeto.
- Ia falar com ela agora na entrada. – começou Malu. – Mas ela faltou.
- Bom dia pra você também. – disse Pedro.
- Ah, desculpa. – envergonhou-se a garota.
- Ela... Quem?
- Ágata. – respondeu Maria Luiza. – Acho que não veio hoje.
- Bem, deve estar de ressaca até agora. – disse Ícaro. – Bebeu tanto no sábado.
- Como se nós não bebêssemos. – falou Pedro irritado.
Já sentados em seus lugares, colocando suas apostilas e estojos em cima de suas mesas, viram Henrique entrando na classe, com olheiras e uma cara péssima, parecia que nem dormira na noite passada. Algumas pessoas levantando-se do lugar para recepcioná-lo, falar com ele, provavelmente comentar sobre a ilustre festa. Pedro ficou extremamente vermelho; Malu e Ícaro o olharam e também coraram. O garoto queria naquele exato momento, que Henrique mudasse de classe, de escola; pois toda vez que olhasse pra ele, irá lembrar-se do ocorrido no jardim da sua casa. Começou até a soar frio, com medo de ele aproximar-se, de comentar com seus amigos, da história vazar pelo colégio; estava completamente frustrado.
- Relaxa. – disse Malu colando suas mãos no ombro de Pedro. – Ele não fará nada o desagrade.
- Acho que deveria falar com ele. – começou Ícaro. – Dizer pra esquecer o que aconteceu.
- Não sei ainda. – disse pensativo.
Neste instante, entrou a professora Márcia Maria, acompanhada do diretor do colégio, Rúbio Walter apressados.
- Nos seus lugares! – começou a professora.
Os alunos pararam imediatamente o que estavam fazendo, todos viraram-se para a professora e o diretor.
- Henrique Alcântara. – disse o diretor, com uma voz bastante grossa. – Acompanhe-me.
Os alunos ficaram curiosos, arregalaram os olhos, queriam saber o porquê fora chamado pessoalmente pelo diretor; era extremamente rara a presença de Rúbio nas classes.
O garoto levantou-se assustado e olhou para seus amigos com desconfiança, acompanhou o diretor e saiu da classe. A professora deu início a sua aula, começou a escrever um texto na enorme lousa branca.
- Parece estar encrencado. – lamentou Maria Luiza.
- Vocês acham... – começou Pedro. – Que tem alguma coisa a ver comigo? – assustou-se
- Como se isso tivesse alguma coisa a ver com o colégio. – disse Ícaro. – Fica tranqüilo.
- É, deve ser algum problema dele. – falou Malu. – Só dele...
- Fico preocupado com ele. – disse Pedro. – Mesmo tendo acontecido isso entre a gente, ele é legal.
- Sr. Pedro? – Perguntou a professora Márcia.
- Sim. – respondeu assustado.
- Está copiando a matéria? – perguntou analisando a mesa do garoto. – Espero que sim.
Logo pegou seu caderno e começou a copiar a lição imediatamente; não queria aborrecer a professora, pois era a sua favorita.
Passara as aulas e Henrique não voltava. Pedro ficara apreensivo, olhando para a porta. Estava decido de que, quando ele voltara, teria uma conversa civilizada com ele. Percebeu que era completa burrice esconder-se dele; de alguma forma, tinha que resolver isso, e nada melhor do que uma conversa.
Durante a aula de Giuliano, Malu não conseguira responder corretamente a chamada oral. O professor passou uma punição de cinqüenta exercícios extras para entregar no dia seguinte. A garota tinha dificuldade na matéria nova. Pedro achara isso extremo absurdo, segurou-se para não reivindicar, mas só iria piorar a situação.
Ao final da aula, na saída, finalmente viu Henrique; estava sentado num banco, perto da cantina. Respirou fundo e foi em direção ao garoto, aproximou-se e tentou não demonstrar insegurança.
- Oi. – começou Pedro. – Acho que precisamos... – a voz falhou. – Conversar.
- Concordo... – e gemeu de alguma dor. – Plenamente. – completou.
- Ta tudo bem? – perguntou Pedro assustado.
- Acho que sim. – respondeu. – Bom, pode ser na minha casa? Aqui não é um lugar apropriado.
Pedro sentiu-se estranho, não sabia se era uma boa idéia ir a casa dele, talvez ele pudesse o agarrar, ou algo do tipo. Mas ficou sem graça de dizer não.
- Ta ok. – concordou. – Após o almoço, ta bom?
- Ótimo. – disse Henrique levantando-se. – Bem, já vou indo, estou cansado.
Os dois despediram-se e logo apareceram Malu e Ícaro tentando decifrar o que havia acontecido entre os dois.
- Falou com ele? – perguntou entusiasmada.
- Falei e não falei. – respondeu. – Irei a casa dele hoje à tarde para conversar.
- Engenhoso. – pensou Ícaro.
- Façam assim. – começou Pedro. – Ao final da tarde, vão a casa dele me buscar.
- Tudo bem. – concordaram.
Pegaram o ônibus e foram embora. Pedro chegou em casa apressado, almoçou com pressa e disse a Helena que iria na casa de Henrique ajudá-lo no dever da escola. Resolveu ir andando mesmo, levou seu ipod, que o descontraiu no caminho.
Ao chegar, tocou a campanhinha e Henrique mesmo que abriu.
- Entre. – chamou o garoto, que ao entrar já sentou-se no sofá. Pedro ainda tinha seqüelas da festa que ocorrera nesta casa, mais especificamente no jardim ao fundo.
- Olha. – começou Pedro. – Queria te dizer que fiquei bem confuso com o que aconteceu sábado, acho que devemos esquecer isso e continuar sendo colegas.
- Por hora. – pensou Henrique.
- É possível você me dizer o porquê do Rúbio chamá-lo na classe? – perguntou.
Fez-se um enorme silêncio na enorme sala; Henrique abaixara a cabeça e ficou alguns segundos sem levantá-la.
- É... – gaguejou. – Uma longa história.
- Gostaria de saber. – disse Pedro.
- Não é uma história legal de ouvir-se. – falou Henrique cabisbaixo.
- Quem sabe posso ajudá-lo.
- Infelizmente não pode Pedro.
- Por favor, conte-me. – insistiu Pedro.
- Eu... – começou. – Estou bastante doente. – contou. – E pegaram alguns remédios no meu armário, achando que eram calmantes ou soníferos.
- Ah. – pensou Pedro. – E por que não vai num médico? Fala com seus pais.
- Já fui. – contou Henrique. – Mas sem o conhecimento dos meus pais. – disse abaixando a cabeça. – É bem complicado.
- Presumo que sim. – teve dó. – Espero que dê tudo certo.
- Lhe peço. – começou. – Que não comente o que te disse com ninguém. – pediu. – Absolutamente NINGUÉM.
- Fica tranqüilo. – confortou.
Henrique o encarava, parecia até o mesmo olhar que ocorreu no jardim. Pedro ficou com um pouco de medo e tentou desviar o olhar.
- Queria te dizer mais algumas coisas. – começou Henrique aproximando-se do garoto.
- Pode falar. – disse Pedro assustado.
- Não queria que você afaste-se de mim. – pediu. – Por eu estar doente e tal.
Pedro sentiu uma enorme dó de Henrique, e não ficou mais com medo dele, até chegara um pouco mais perto dele.
- Que isso. – falou. – Até parece, somos amigos, agora. – garantiu o garoto.
- E queria falar que você é um garoto especial. – disse chegando-se ainda mais perto; Pedro não sentia-se com medo, por um momento, sentira certa excitação, quando foi levando suas mãos ao rosto do garoto, a campanhinha tocara. Henrique pareceu irritado e levantou-se.

Nenhum comentário:

Postar um comentário