terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAPÍTULO NOVE 9º – POR UM FIO

LIVRO UM - INÍCIO


Os dois entraram agarrando-se e tropeçando pela enorme sala de star. E antes que pudessem se jogar no sofá, o garoto rapidamente lembrou-se.
- Meus pais estão aqui. – lembrou. – Vamos pro meu quarto, sem fazer barulho.
Subiram as escadas, cautelosos para não acordar alguém; então caminharam pelo corredor devagar e chegaram ao último quarto. Era todo decorado em preto, vermelho e branco; tinha pufes espalhados por todo quarto, em cima de uma mesinha, tinha um notebook aparentemente muito moderno, mas antes que pudesse apreciar todo aquele luxo, Henrique sentou-se na cama e chamou Pedro. Estavam radiantes, era como se algo conectasse um ao outro, uma excitação enorme de ambos.
- Desde que eu te conheci. – começou Henrique, acariciando os cabelos lisos de Pedro. – Eu senti algo forte, que me dominasse, que me alienasse a você! – E dirigiu-se até o seu home theater, colocou a música favorita de Pedro, Heart Songs do Weezer. Por mais simples que foi essa atitude, o garoto ficou bastante encantado.
Pedro estava sentindo-se tão bem, como nunca sentiu-se em toda vida, era uma sensação feliz. Jamais pensou que ficaria com alguém em Urubici, que iria interessar-se por um garoto e que sentiria excitação por Henrique.
A noite fora de beijos, sussurros, murmúrios, risos e abraços. Dormiram agarrados a madrugada inteira; às vezes Henrique acordava e ficava observando Pedro dormir, era um clima muito romântico, o garoto jamais pensou que isso estava acontecendo, parecia até um sonho para ele.
Mas a alegria durara pouco, já era por volta do meio dia; Pedro acordou sorridente, mas quando se tocou que dormiu fora de casa, e sem avisar sua mãe, levantou-se rapidamente da cama.
- Meu deus. – assustou-se. – Minha mãe deve estar apavorada.
- Não me diga que não a avisou que dormiria aqui.
- Não, não disse. – frustrou-se. – Posso usar o telefone?
- Claro Pedro. – e entregou um aparelho de telefone sem fio.
- Alô, Malu? – perguntou Pedro.
- PEEEEEDRO! – gritou Malu. – Estamos apavorados!
- Pelo amor de deus, preciso que você confirme pra minha mãe, que dormi em sua casa.
- Mas ela já me ligou e sabe que não dormiu aqui. – lamentou Malu
- Meu deus, e agora? – apavorou-se
- Diga que dormiu no Ícaro, eu ligo pra ele e peço que confirme isso.
- Ok, faça isso, por favor.
- Mas o que aconteceu? Conta-me!
- Agora não dá, mas depois contarei. Bom, vou desligar, liga pro Ícaro, beijo, tchau.
- Ok, tchau.
Desligou o telefone até mais aliviado, mas ainda assim, odeia mentir, ainda mais para sua mãe. Tinha certeza de que depois ia ficar com um peso na consciência, e isso se ela acreditar.
Pedro estava só de cueca, e viu que estava realmente fora de si na noite passada, pois morre de vergonha de suas pernas branquelas; então, rapidamente vestiu suas roupas.
O que ele realmente queria era ir embora, e ver que está tudo certo com a sua mãe, não queria chateá-la, e muito menos perder a confiança dela.
- Bem. – começou Pedro. – Terei que ir, minha mãe deve estar apavorada e estou preocupado com isso.
- Faça isso, Pedro. – concordou Henrique. – Pode descer tranqüilo, meus pais já foram trabalhar.
- Então eu vou. – disse indo em direção a porta, mas antes que pudesse sair sem despedir-se dele, Henrique aproximou-se dele.
- Muito obrigado pela noite, viu. – e o beijou, fora uma cena tão romântica quanto a do jardim. – Vai dar tudo certo. – abraçou-o.
- Dará sim. – e saiu com pressa pelo espaçoso corredor.
Pedro estava com tanto medo de sua mãe, que queria chegar logo em casa, para acabar de vez com esse medo, então começou até a correr.
Para acabar com toda essa tensão, finalmente chegou em casa, respirou fundo e entrou.
- AAAAAAAAAAH, AÍ ESTÁ ELE. – gritou Helena. – ONDE VOCÊ ESTAVA?
- Eu dormi na casa do Ícaro, depois da festa. – disse Pedro, morrendo de medo.
- POR QUE VOCÊ DORMIU LÁ? POR QUE NÃO ME LIGOU PRA AVISAR? – gritava ainda mais.
- Mãe, eu não me senti bem, nem deu tempo. – e pensou “ufa, essa foi por um fio.”
- AAAAAAH NÃO DEU TEMPO. – irritou-se. – E VOCÊ VOLTA ASSIM, TODO TRANQUILO.
- Mas já ta tudo bem, não precisa ficar brava.
- COMO VOCÊ QUER QUE EU FIQUE? FELIZ? – gritava Helena.
- Eu não irei mais fazer isso, prometo.
- MAS É CLARO QUE NÃO IRÁ FAZER, PORQUE SE FAZER, AH PEDRO MENDES, VOCÊ VAI VER SÓ. – falou a mãe.
- Me desculpa! – disse Pedro.
Helena nem o respondeu, virou e foi para a cozinha. Ela estava realmente brava com ele, ficou extremamente apavorada durante a noite, o esperando chegar.
Pedro subiu os primeiros degraus da escada, estava indo para seu quarto, mas a campanhinha tocou. Sua mãe foi apressada para abrir a porta, estava totalmente nervosa; era Ícaro e Malu.
- AAAAH – deu um grito. – O Pedro realmente dormiu na sua casa, Ícaro? – desconfiou.
Fizera uma certa pausa, um silêncio que fazia com que o estomago de Pedro moesse. Não tinha certeza se o amigo já sabia que era pra mentir; Pedro e Ícaro se entreolharam.
- Claro, Helena. – confirmou Ícaro. – Desculpa não termos avisado, mas estávamos cansados.
- Sei. – desconfiou Helena. – Bem, espero que isso não aconteça de novo, sem me contatar.
- Relaxa, não acontecerá mais. – garantiu Malu, fazendo um olhar de raiva para Pedro.
Ícaro pareceu convincente para Helena, então a mãe foi para a cozinha um pouco desconfiada. Os dois subiram apressados para o quarto de Pedro, que estava perfeitamente arrumado.
- Pedro Mendes. – começou Malu. – Pode começar a nos contar aonde passou a noite passada e com quem.
- Fala baixo! – preocupou-se Pedro.
- Queremos saber! – disse Ícaro animado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário