terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAPÍTULO OITO 8º – FORA DOS PADRÕES

LIVRO UM - INÍCIO

Pedro tentou sair atrás dele, mas antes que pudesse fugir da garota, ela se colocou a sua frente.
- Vai atrás do amiguinho e deixar-me aqui? – perguntou a garota, brava. – ou namoradinho?
- Não, você não sabe de nada. – corou Pedro, tentando desviar o olhar.
- Você é realmente muito mole. – gritou Ágata. – Broxante!
- Se é isso o que acha. – disse Pedro. – Não posso fazer nada.
- Então não importa o que eu acho? – indignou- se.
- NÃO! – gritou. – NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ ACHA OU O QUE DIGA!
- AAAAAAAAAH. – alterou-se ainda mais. – SEU GRANDE... MULHERZINHA! – e saiu correndo, extremante nervosa.
Algumas pessoas que estavam ao lado da barraca do beijo, com os gritos, perceberam a briga entre os dois. Pedro sentara no chão, arrasado com o que aconteceu; definitivamente, não sabia o que fazer. Se iria atrás de Ágata, de Henrique, de Malu e Ícaro, se ficava sozinho ou ir embora.
Embora sentisse um pouco de preconceito em relação ao Henrique, sentiu-se confortável quando estava sozinho com ele na casa dele, e principalmente quando o chegara mais perto. Não sabia muito que pensar de Ágata, mas estava com muita raiva dela.
Saiu dos fundos do palco sem rumo algum, ainda estava meio confuso com tudo o que aconteceu. Logo avistou Malu e Pedro na barraca dos doces típicos, apressou-se, queria mesmo contar para eles o que acontecera.
- Me ajudem! – gritou Pedro.
- Como assim. – assustou-se Ícaro.
- Henrique me viu com a Ágata, bem na hora do beijo; brigou comigo, tentei ir atrás dele, mas ela não deixou. – suspirou. – Ela também se irritou, fez um escândalo, me xingou.
- CARALHO! – espantou-se Malu. – Ai, desculpa... Quanta coisa aconteceu, meu deus.
- Sim... – pensou. – O que eu faço?
- Quem você quer? – perguntou Ícaro colocando-se a frente dele.
- É, diga quem realmente te interessa.
- NINGUÉM! – gritou Pedro, irritadíssimo.
E antes que pudesse apresentar seus argumentos aos gritos para os amigos, viu Henrique passando atrás de uns bancos, ao lado de onde estava.
- Espera aí. – chamou Pedro, indo em direção a ele.
Malu e Ícaro ficaram parados, observando o amigo indo apressado ao encontro de Henrique.
- O que você quer? – perguntou friamente. – Vai lá com a sua namoradinha.
- Ela não é minha namorada. – irritou-se. – Ela não é absolutamente NADA!
- Sei. – desconfiou. – Então o que significa aquilo atrás do palco?
- Impulso mal pensado. – respondeu fixando os olhos nele. – Esperai, porque estou te dando explicações, qual o interesse que tem em saber?
- Você não entende. – lamentou-se – É lerdo, não sabe das coisas.
- Isso é uma ofensa?
- Não, exatamente. – respondeu olhando Pedro de cima a baixo.
- Então por que ficou bravo de ter visto eu com a Ágata, porra!
- Se tua inteligência não tem capacidade o bastante de compreender sozinha, pois bem. – começou Henrique. – EU ESTOU GOSTANDO DE VOCÊ! – disse alto.
Foi como se Henrique tivesse cravado uma facada em sua cabeça, em seu cérebro, em seus pensamentos, suas confusões, em praticamente toda a sua lucidez. Estava fora de si, não sabia exatamente o que dizer, o que fazer, que gestos fazer, que expressões fazer. Fizera um olhar de “socorro” para os amigos, que já perceberam o que Henrique dissera a ele.
- C-o-m-o a-s-s-i-m – gaguejou Pedro. – Você ta...?
- Sim, estou. – respondeu com raiva. – Talvez apaixonado, mas isso não importa, fique sossegado, irei fazer de tudo para esquecê-lo. Só queria que soubesse.
- Ah, obrigado. – disse Pedro, extremamente confuso.
- De nada. – respondeu ironicamente, com uma enorme raiva e tristeza.
Henrique saiu andando para fora da festa, estava bastante chateado, talvez achasse que contando a Pedro que gostava dele, pudesse acontecer algo.
Alguns segundo após a saída do garoto, Malu e Ícaro aproximaram-se de Pedro.
- Estou sem reação. – disse Malu, perplexa.
- Já esperava isso. – falou Ícaro. – Quando soube que ele o convidara pra festa, já desconfiei, e depois do beijo, tive certeza.
- Não sei o que pensar dele, de mim. – pensou. – É indescritível o que estou passando.
- Imagino. – disse Malu, dando tapinhas no ombro do amigo.
- Você vai ignorar ele? – perguntou Ícaro.
- Claro que irei. – respondeu Pedro, e sentiu-se extremamente falso com seus amigos, pois estava mentindo, sabia que sentia algo estranho por Henrique, mas não queria comentar. Achava que não era o momento propício para confissões esquisitas, que pensava até que fossem sobrenaturais.
Ficou ali sentado, não parava de pensar no que o Henrique disse, não conseguia sair de sua mente a frase “EU ESTOU GOSTANDO DE VOCÊ”. Começou a lembrar do beijo no jardim, da conversa que teve com ele em sua casa. Isso o deixava ainda mais confuso, irritado e sem fazer o que exatamente fazer.
Não conseguia mais concentrar-se na festa, nos amigos, nas apresentações, nas pessoas, em mais ninguém. Estava completamente atordoado, sentindo sensações estranhas e uma vontade ainda mais anormal.
- Vejo vocês amanhã. – disse com pressa. – Tchau!
- Não haverá aula. – lembrou Malu.
- Pois bem. – pensou. – Vão a minha casa no período da tarde!
- Você está bem? – perguntou Ícaro, preocupado.
- Sim, ótimo... Tchau!
Saiu tropeçando pelas pessoas, pois estava com bastante pressa. Assim que chegou no ponto de ônibus, já havia um que ia exatamente para o destino que queria, então entrou. Não demorou muito, quando pensou que não, já tinha chegado.
Pedro suava frio, até sentia uma leve dor de barriga, então atravessou a calçada, tomou fôlego e aproximou-se da enorme mansão; tocou a campanhinha e a aguardou apreensivo.
- Pedro? – perguntou Henrique, bastante assustado com a presença dele.
Mas antes que ambos pudessem falar alguma coisa, algum questionamento ou briga. Pedro deu um pulo e o abraçou, parecia que ia quebrar os ossos dele. Quando o abraço se desfizera, Henrique olhou fixamente nos olhos de Pedro, viu seus olhos brilhando e algumas lágrimas caindo.
- Você está bem? – perguntou Henrique, ainda mais perplexo.
- Vou estar ainda melhor depois de... – e antes que pudesse finalizar sua frase, puxou Henrique pela blusa, olhou em seus olhos, passou sua mãe levemente em seu rosto e o beijou.
Agora ele sim parecia Ágata beijando, estava fazendo Henrique perder o fôlego, o empurrara contra a porta e beijava seu pescoço. Ambos estavam bastante excitados; Pedro nunca sentiu-se tão atraído por alguém durante um beijo, sentiu seu sangue ferver por ele, e ainda mais por um garoto, mas agora não importava, ele só queria beijá-lo.

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